Autoria: Laurence Férat
A lavanda é, de certa forma, a Mona Lisa da perfumaria, por outro lado surge uma nova faceta, um traço singular.
No imaginário coletivo, a planta de flores roxas continua ligada à noção de higiene, até mesmo em sua etimologia, do latim lavare, lavar, pois os romanos já a usavam em seus banhos. Mais tarde, as famosas "lavandières" (lavadeiras) ainda perfumavam a roupa com ela.
A lavanda também era encontrada nos chamados jardins dos simples, jardins de monastérios destinados a curar, assim como nas fórmulas do sabão de barba, tanto pelo seu rastro quanto pelas suas propriedades de cicatrização.
Em 1882, um primeiro perfume masculino, Fougère Royale de Houbigant, a isentou de sua missão medicinal e lhe reservou um lugar importante em uma nova família olfativa que ficaria famosa: a fougère (com notas de lavanda, madeira, cumarina, musgo de carvalho).
É a variedade que endêmica que se encontra na Haute-Provence, chamada de "lavanda população" que os perfumistas utilizavam no início de século passado. A perfumaria a chamou então de "lavanda fina", que não deve ser confundida com o "lavandin", híbrido de aroma mais rústico, com cheiro de cânfora, usado em nossos sabões em pó e sabonetes.
Peque e delicada, a lavanda é cultivada em ambientes frescos, subindo pelas colinas das Baronnies provençais ou no vale de Roanne (Drôme).
Seu preço pode chegar a 150 euros o quilo, ou seja, quase um luxo comparado a clonagens estrangeiras menos custosas, mas como cheiros mais "lineares".
A lavanda chamada de fina, ao mesmo tempo floral, fresca e adocicada, existe apenas no território francês e seduz logicamente os grandes "narizes" (perfumistas).
A lavanda é um pouco como a cor preta na moda: nunca nos cansamos dela, confirma o perfumista Francis Kurkdjian.
JERSEY - CHANEL - PARIS, CHANEL
L'HEURE VERTUEUSE, CARTIER
BRIN DE RÊGUSSE, HERMÈS
LAVANDER PALM, TOM FORD
JEAN PAUL GAUTIER
Ref. Le Fígaro - Paris Chic nº2